Por Henrique Villas Boas Concone - Biólogo Projeto Gadonça
Este é o texto que
mais me agradou escrever nos últimos tempos. Ao final de 2009, eu escrevia com
muito pesar sobre o desaparecimento aqui da Fazenda San Francisco de duas
onças-pintadas, Orelha e Grandão. Na época fazia alguns meses que não víamos
nenhum dos dois, e a razão para preocupação era que pelos quase três anos
anteriores os dois eram avistados com muita freqüência, e de uma hora pra outra
simplesmente deixaram de serem vistos. Apesar de aqui na Fazenda San Francisco
as onças (e o resto da fauna toda) serem protegidas, como a caça de onças ainda
é freqüente na região do Pantanal nada podemos fazer quando os animais cruzam
divisas de fazendas.
Conforme o tempo
foi passando, a hipótese de os animais terem sido mortos em alguma fazenda da região
ia ficando mais forte, afinal já se passavam praticamente dois anos e meio sem
nenhum avistamento dos dois.
Mesmo tristes sem
os dois, a vida continua e novas e velhas onças (como a querida Dora) continuaram
nos agraciando com sua beleza. Uma dessas onças novas, a Borboleta, começou a
ser vista com certa freqüência no corixo desde o final de 2010. No ano de 2011,
ela também foi vista várias vezes, e acabou por ser batizada pelas malhas que
tem na testa que lembram uma borboleta. Bom, não é que a Borboleta é a
responsável pelo melhor presente de Natal que poderíamos receber?
Foto - Borboleta (veja o desenho de uma borboleta na testa dela) no Corixo
Por Edir Alves
Por Edir Alves
Foto - Borboleta no Corixo
Por Roberta Coelho
Por Roberta Coelho
Graças a ela ser uma oncinha bem bonita e exibida, ela foi vista algumas vezes acompanhada de machos. No começo de dezembro passado a guia Roberta me manda uma mensagem: “Henrique, hoje vimos a onça borboleta com um macho no corixo, cena sensacional!”.
Foto - Borboleta fazendo charme para Grandão na mata ciliar do Corixo
Por Roberta Coelho
Por Roberta Coelho
Foto - Grandão e Borboleta namorando na mata ciliar do Corixo
Por Roberta Coelho
Por Roberta Coelho
Foto - Grandão e Borboleta na mata ciliar do Corixo
Por Roberta Coelho
Por Roberta Coelho
Vendo as fotos e o vídeo que ela fez e eu fiquei embasbacado! O tal macho que estava com a Borboleta era o Grandão!!! Dois anos e meio depois da última aparição dele, ele surge do nada, alheio a todas as nossas incertezas e preocupações, fazendo nada mais do que se esperava dele, cortejando uma bela fêmea e acasalando com ela! Mando a notícia de volta pra Roberta: “Você nem imagina quem foi que você registrou junto da Borboleta, o Grandão!”.
Foto - Grandão na mata ciliar do Corixo
Por Roberta Coelho
Por Roberta Coelho
A notícia se espalha rápido por toda a fazenda, e guias, funcionários do escritório, proprietários, todos radiantes com a notícia da volta do Grandão.
Inevitavelmente, todos se perguntaram, mas e o Orelha? Companheiro de tantos anos do Grandão, será que ele também está por aí?
Semana passada tivemos a resposta, e novamente a Borboleta está no meio da história. Quarta-feira passada, já eram mais ou menos 18h, quando durante o passeio de canoa uma onça-pintada é avistada no corixo pela Roberta (êita guria sortuda!) e seu grupo.
Foto - Borboleta na mata ciliar do Corixo
Por Roberta Coelho
Ela passa um rádio pro escritório falando que tinha avistado a onça e todos pensam que seria a Borboleta novamente, afinal ela tem aparecido direto.
Quando eles retornam pra sede, durante o jantar, um dos visitantes conseguiu fotografar a onça e estava mostrando pros guias. Nova surpresa boa, era o Orelha! Eu estava em casa jantando quando o Elmo aparece batendo na porta todo animado: “Você não sabe quem é a onça que fotografaram na canoagem...”. “Não brinca comigo”, falei. “É o Orelha! Eu não agüentei, quando vi que era ele, eu tinha que vir aqui te avisar!”, fala o Elmo com um sorriso de orelha a orelha (desculpem o trocadilho...).
Foto - Oreia e Borboleta na mata ciliar do Corixo
Por Roberta Coelho
Por Roberta Coelho
Aí subimos todos de
casa pra Cantina pra olhar as fotos, e não tinha mais dúvida, era ele mesmo!
Com sua orelha recortada e as malhas únicas que cada onça-pintada tem, é
impossível não reconhecê-lo!
Dois dias depois,
na sexta passada, o passeio de chalana guiado por Roberta (ela de novo...) e
Vinícius (outro guia sortudo de ver onça no corixo!) manda o rádio pra sede:
“Estamos vendo o Orelha e a Borboleta juntos na beira do corixo!”. Pronto, lá
está a Borboleta de novo, dessa vez com o Orelha. Obrigado Borboleta, por
trazer de volta os dois pra casa, ou no mínimo deixar a gente saber que eles
estão vivos e bem! Espero sinceramente que eles continuem na área, e que muito
mais gente possa sentir o prazer de vê-los.
Passeio de Chalana no Pantanal
http://www.youtube.com/watch?v=LLo6UUIgkqE&feature=colike
Veja vídeo das Onças-pintadas copulando durante o
Passeio de Chalana no Pantanal
http://www.youtube.com/watch?v=J9aoWd1-HAE&context=C32a39b7ADOEgsToPDskKxXjWbcCDf0cfvB-EHUkux
Orelha
e Grandão de volta à Fazenda San Francisco!
Feliz 2012 para todos!
6 comentários:
Saudade eterna do Pantanal...
O Blog ficou lindo.Parabéns.
Simone Ferreira
Até me emocionei!! Feliz Feliz pela noticia!!
Demais essa história Henrique! Fico muito feliz de saber que os dois estão vivos e bem! Só fiquei curioso demais em saber como é que esses dois desapareceram por tanto tempo? Esse seria um marco no estudo do tamanho do território de uma onça pintada. Eles devem ter ido parar lá em Cáceres!!! :-) Grande abraço companheiro.
Zapa.
Fala Zapa!
Pois é incrível mesmo como esses bichos podem surpreender a gente. Se tivéssemos como monitorá-los com colares gps e satélite, a gente provavelmente ia descobrir muito mais coisas interessantes sobre eles. Inclusive, o quanto realmente eles andam juntos e como dividem a área. Se vc souber de alguém interessado em ajudar a financiar projetos de pesquisa, passa essa possibilidade pra frente! rs
Eu não faço muita ideia de onde estavam, mas imagino que na beira do Miranda e do São Domingos, e quem sabe mais aonde. O mais legal mesmo foi ver os dois de novo, com diferença de quase um mês um do outro, mas na mesma área, então é muito provável que estão realmente juntos.
Quando tivermos mais avistamentos a gente vai postar, e quem sabe a gente vai poder conseguir monitorá-los mais de perto.
Grande abraço e até a próxima!
É MUITO GRATIFICANTE PARA NÓS BRASILEIRO, PODERMOS, AINDA, CONTEMOLAR CENAS COMO ESTA, ATESTANT5O QUE NEM TUDO ESTÁ ACABADO, E AINDA EXISTE UM FIO DE4 ESPERANÇA, PARA QUIER, COM O TRABALHO DO IBAMA, POSSAMOS TER UMA POPULAÇÃO DE FELINOS BEM AMSIOR, NÃO SÓ NA ÁREA DO PANTANALO, COMO EM TODO O PAÍS, ONDE SUA OCORRÊNCIA É REGISTRADA
ALÉM DO QUE DISSE ACIMA COMO ANÔNIMO, GOSTARIA DE SUGERIR AOS NOSSOS AMANTES DA NATUREZA, QUE SE ESFORÇASSEM PARA QUE NOSSOS NETOS TAMBÉM POSSAM GOZAR DE VISÕES COMO ESTA QUE ESTES FOTOS NOS OFERECEM, DE CENAS DO PANTANAOL MATOGROSSENSE.
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