31 de julho de 2008

O que é uma Comitiva Pantaneira

Depois de viver esta emocionante experiencia de ver a comitiva fiquei curiosa pelo assunto. Entao, como boa internauta, procurei na internet no nosso grande Google!!!
Para minha surpresa nao encontrei muita definiçao de Comitiva, entao, resolvi escrever o que entendo ser uma comitiva.

No Pantanal, o regime das águas definem o movimento da vida. Desdo homem, das plantas, dos animais e principalmente do gado, que nao consegue transpor barreiras como cercas e rios profundos e devem ser conduzidos para as partes mais altas do Pantanal para que possam sobreviver às enchentes. Assim, sao transportados em Comitivas. As fazendas podem ter seus peoes de comitiva ou podem contratar peoes para levar o gado. Nao somente em funçao do ciclo das águas mas tambem gado que é comprado de outra fazenda, muitas vezes de outro estado, como é o caso desta comitiva que encontramos, que veio de MT e estava seguindo para Corumbá, seu destino final.
A BR 262 é uma estrada boiadeira e é a unica rodovia federal onde sao permitidas comitivas. É uma vida bruta.
Tem o ponteiro, o culateiro, o meieiro que sao os nomes dados para quem vai na frente, no final ou no meio da comitiva e cada um tem sua funçao importante para o andar da comitiva. Tem tambem o cozinheiro, que nao é um cozinheiro normal, ele vai na frente, monta o acampamento e prepara as refeicoes de todos da comitiva. Dai surgio o Arroz Carreteiro e o Macarrao Tropeiro. Sao comidas fáceis de serem preparadas, tendo o macarrao ou o arroz, a carne é ingrediente fácil.
Algumas fotos abaixo com descriçao...

Acima: Peao de comitiva. As caixas de aluminio sao os reservatórios de água e pendurado nela o coador do café que tinham acabado de passar.


Acima: Fogao com panela esquentando a água e ao fundo as buacas (malas de couro que carregam os mantimentos).



Acima: Bule de café e xicaras na água quente.

Acima: Água quente para passar o café ou para o mate.



E viva este Pantanal!!!!

Andando nestas estradas do Pantanal, encontramos um acampamento de uma comitiva. Os peoes eram muito simpaticos mas tambem avexados quando pedi para fotografar. No fundo, um orgulho por estar sendo visto. Disse a eles que iriam para a internet e aqui estao...


Abaixo a musica do Almir e Paulinho Simoes. Quem clicar vai escutar a musica...

Comitiva Esperança - http://www.comitivapantaneira.com.br/

(Almir Sater – Paulo Simões)

Nossa viagem não é ligeira

Ninguém tem pressa de chegar

A nossa estrada é boiadeira

Não interessa onde vai dar
Onde a Comitiva Esperança

Chega já começa a festança

Através do Rio Negro,Nhecolândia e Paiaguás

Vai descendo o Piquiri

O São Lourenço e o Paraguai

Tá de passagem, abre a porteira

Conforme for, pra pernoitar

Se é gente boa,hospitaleira

A Comitiva vai tocar

Moda ligeira que é uma doideira

Assanha o povo e faz dançar

Ou moda lenta que faz sonhar

Quando a Comitiva Esperança

Chega já começa a festança

Através do Rio NegroNhecolândia e Paiaguás

Vai descendo o Piquiri

O São Lourenço e o Paraguai

Ê tempo bão qua tava por lá

Nem vontade de regressar

Só voltamos vou confessar

É que as águas chegavam em janeiro

Descolamos um barco ligeiro Fomos pra Corumbá ...
E esse foi o destinho desta comitiva...

Paratudo - Tabebuia aurea

Para começar este post, uma foto do Ipe Amarelo, conhecido pelo Pantaneiro como Paratudo e pelos gringos por Yellow Trumpet-tree e em latim chama-se Tabebuia aurea.


Nesta época do ano, a BR 262 entre Miranda e a Fazenda San Francisco fica pintada de amarela como se fosse um quadro quando o pintor estava muito inspirado e fez aquela paisagem maravilhosa.



Segundo o Guia de Campo da turma de Bonito, em especial da Tietta e Daniel, o Paratudo pertence ao grupo dos Ipes. Possui madeira pesada e flexivel mas que apodrece facilmente. Os pantaneiros mascam a casca como remedio para problemas do estomago, vermes, diabetes, inflamaçoes e febres. AS flores sao comestíveis e apreciadas por papagaios, aracuas, veados, bugios e bovinos.

Este ano estaremos colocando no campo mais de 100 mudas de Paratudo!!! Estao prontas no nosso viveiro e brevemente estaremos plantando.

28 de julho de 2008

Sessao Por-do-Sol do Pantanal

















Pecuária ameaça Pantanal, afirmam pesquisadores brasileiros


BBC

Plantão Publicada em 25/07/2008 às 14h57m


Como a Amazônia, o Pantanal já teve 17% da sua paisagem natural devastada, mas o drama da planície alagada, assim como o de outras áreas úmidas do Brasil, é praticamente ignorado pelos governos estaduais e federal, afirmam cientistas reunidos em Cuiabá para discutir o futuro dessas regiões.

Segundo Walfrido Tomás, especialista em gestão da biodiversidade da Embrapa Pantanal, a pecuária intensiva está se difundindo no Pantanal, principalmente por meio de pessoas de fora da região, e tem desmatado muito mais do que a tradicional pecuária pantaneira.

"A terra é barata e é óbvio que as pessoas não têm ligação cultural com a paisagem. Elas vêm com capital e a melhor forma de (obter retorno rápido) é desmatar", disse Tomás, em entrevista por telefone à BBC Brasil.

Segundo pesquisadores, a pecuária tradicional é mais compatível com o ecossistema do Pantanal porque o pantaneiro vive de acordo com o ciclo das águas da região, não desmata para plantar pasto artificial e sabe quais plantas podem retirar do pasto natural.

"O Pantanal tem paisagens diversas: cordões arenosos, ilhas de vegetação, é todo mesclado. Quem vem de outras culturas não sabe administrar diferentes unidades de paisagem, precisam uniformizar, desmatam tudo", afirmou Cátia Nunes, coordenadora do programa de Pós-graduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade da UFMT.

Dados da Embrapa de 2004 sugerem que a pecuária intensiva é a grande responsável pela alteração da paisagem do Pantanal. Além da pecuária, outra ameaça à região, destaca Tomás, é a construção das hidrelétricas planejadas para o rio Paraguai. Segundo ele, as usinas podem alterar todo o ciclo hidrológico do principal rio do Pantanal.

Cobrança

Os dois pesquisadores estão entre os cerca de 600 pesquisadores de 30 países que participam da 8ª Conferência Internacional de Áreas Úmidas, prevista para terminar nesta sexta-feira.

O evento foi organizado pelo Centro de Pesquisas do Pantanal, em parceria com a Associação Internacional de Ecologia e a Universidade Federal de Mato Grosso.

No caso do Brasil, além de falar sobre as ameaças os pesquisadores destacaram a falta de uma definição legal e de uma política de preservação dessas áreas.

"As áreas úmidas precisam ser tratadas de forma estratégica e devem ser tratadas pelo valor ambiental que têm. O fato de o Brasil não ter políticas públicas para áreas úmidas é resultado da atitude que nós temos ante a essas áreas, como áreas que 'têm mosquito'. Por isso, as pessoas geralmente drenam", disse Tomás.

De acordo com cálculos apresentados pelo pesquisador Wolfgang Junk, do Instituto Max Plank de Liminologia, na Alemanha, pelo menos 20% da América do Sul é coberta por áreas úmidas.

Representantes do governo do Mato Grosso, incluindo o governador Blairo Maggi, da Agência Nacional de Águas (ANA), e do Ministério da Ciência e Tecnologia participaram de sessões da conferência.

São consideradas áreas úmidas as que têm água de forma periódica ou sazonal. São campos úmidos, lagoas, pequenos córregos, tudo que esteja entre água e áreas secas e que tenha vida biológica ligada à água.