31 de março de 2009

Onça parda capturada em cidade paulista é solta na mata

Foto: José Sabino

A onça parda com cerca de 1 ano e meio de idade e 1,2 metros de comprimento, foi solta na Serra do Japi

Rose Mary de Souza
Direto de Campinas

Uma onça parda - ou suçuarana, como também é chamada - com cerca de 1 ano e meio de idade e 1,2 metros de comprimento foi solta na Serra do Japi, em Jundiaí, no final da tarde desta segunda feira. Antes de ser levada para a mata, o animal recebeu um colar contendo um aparelho de GPS para ser rastreado via satélite por biólogos e pesquisadores.

A onça parda havia sido capturada no mesmo dia em um casa em construção no Jardim Panorama, município de Vinhedo - cerca de 40 quilômetros de Jundiaí, no interior de São Paulo. Ao ser encontrado, o animal assustou os trabalhadores da obra que pediram ajuda das autoridades.

Captura

Para capturar a fera, que aparentava cansaço, foi organizada uma força tarefa formada pela Policia Ambiental, o Corpo de Bombeiros, a Guarda Municipal, veterinários e biólogos.
O animal foi sedado e, quando adormeceu, examinado por veterinários que coletaram amostras de sangue.

"Ela deve ter se perdido da mãe", disse a médica veterinária Cristina Harumi Adamira, integrante da Associação Mata Ciliar, uma ONG que atua em defesa dos animais em Jundiaí. De acordo com a veterinária, a onça estava muito debilitada e, na procura por alimento, deve ter se afastado demais do seu território, o que a trouxe para a zona residencial. "As construções estão avançando sobre as matas que são o habitat dos animais selvagens", comentou.
Pesquisas

O biólogo e pesquisador da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Marcel Penteado, afirmou que o uso da coleira com sensor para rastreamento contribuirá para pesquisas como, por exemplo, o acompanhamento da migração do animal na Serra do Japi.

"Os dados coletados pelo equipamento serão enviados para o Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (INPE)", explicou. O equipamento permanecerá ativo até setembro quando deve se desprender naturalmente do animal.

Proteção dos animaisA Associação Mata Ciliar em Jundiaí ocupa-se das sete espécies de felinos existentes no território nacional: a onça pintada, a suçuarana, o gato do mato, a jaguatirica, o gato maracajá, o gato palheiro e o gato mourisco. A organização ainda acolhe aves e animais de pequeno porte vítimas de acidentes como atropelamentos, choques elétricos, intoxicação etc.

Segundo a entidade, os animais que vivem nas matas estão ameaçados de extinção em virtude do processo de urbanização crescente que já chega nas proximidades das reservas. A ONG também atua no reflorestamento das reservas com o cultivo de mudas de plantas nativas da mata atlântica, cerrado e ciliar.

Em 2007, a Associação Mata Ciliar foi pioneira na América Latina na transferência de embriões de felinos, dispondo de um banco de dados genéticos com embriões congelados. Graças a esforços realizados por pesquisadores deste projeto, três jaguatiricas já nasceram no local a partir de inseminação artificial.

No Estado de São Paulo, a Associação Mata Ciliar pode ser encontrada em Águas de Lindóia, Bragança Paulista e Pedreira. Ela não recebe apoio dos governos municipais, estadual e federal, mas sobrevive graças aos recursos provenientes de entidades financiadora de pesquisas, além de doação de sócios e colaboradores.

O site da instituição pode ser acessado pelo endereço http://www.mataciliar.org.br/.

Especial para Terra

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