28 de março de 2009

Imasul e Embrapa Pantanal analisam dispersão do mexilhão-dourado no Estado

Por Fabio Pellegrini, do Notícias MS

Equipe técnica da Gerência de Recursos Pesqueiros e Fauna (GRPF) do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), em conjunto com cientistas da Embrapa Pantanal, vem pesquisando e monitorando a dispersão do mexilhão-dourado, uma praga que chegou ao Pantanal através de embarcações intercontinentais e corre o risco de se alastrar pelo biomas brasileiros, prejudicando a economia da pesca e do turismo.



O mexilhão-dourado (Limnoperna fortunei) é um molusco de água doce, nativo dos rios Sudeste da Ásia, em especial da China. Com grande força reprodutiva e sem inimigos naturais no Brasil, ele foi trazido há mais de 15 anos para a América do Sul, na água de lastro de navios cargueiros, e já provoca graves danos ambientais e econômicos em nossos rios e lagos, inclusive em Mato Grosso do Sul.



O que torna o mexilhão dourado uma espécie invasora tão perigosa é a grande força reprodutiva e o fato de não encontrar inimigos naturais. Ele não serve para a alimentação humana, ocupa o lugar de espécies nativas e afeta todo o ecossistema invadido.



A Gerência de Recursos Pesqueiros e Fauna do Imasul, em seu trabalho de monitoramento da piracema no rio Miranda, já havia constatado a presença do molusco em galhos, pedras e no estômago de algumas espécies de peixes na região do Passo do Lontra (município de Corumbá) e do Barranco Branco (município de Miranda).



O grupo então resolveu atuar em parceria com a Embrapa Pantanal no monitoramento da dispersão do mexilhão dourado mapeando as áreas de ocorrência. Desta forma, foram encontrados no Rio Miranda indivíduos adultos de mexilhão dourado aderidos em pedras, galhos e no estômago de peixes das espécies pacu e armao até a região da Baía da Pedras, próximo ao Barranco Branco.



Atenção pescadores



Além do prejuízo ambiental, o mexilhão traz perdas para as atividades econômicas que dependem de recursos hídricos, como geração de energia, tratamento de água e até a pesca, porque é capaz de entupir motores de embarcações, encanamentos, sistemas de irrigação, sistemas de resfriamento de indústrias e hidrelétricas, além de afundar tanques-rede e bóias sinalizadoras de navegação. Pode, ainda, vir a prejudicar o turismo, caso se fixe em áreas aproveitadas para tal atividade.



O mexilhão não nada, por isso depende da ajuda humana para se disseminar. O molusco pode ser transportado nos cascos de barcos, depósitos de água para limpeza das embarcações, viveiros de iscas vivas, raízes de plantas aquáticas e equipamentos de pesca.




Assim, conforme os barcos viajam, levam juntos mexilhões adultos incrustados em equipamentos ou suas larvas imperceptíveis na água utilizada dentro do barco. Logo, entre outras providências, as ações de controle do molusco terão, necessariamente, de sensibilizar o público que transita pelos rios da região, a fim de que adote medidas para evitar o transporte involuntário do animal.



A pesquisadora Marcia Divina de Oliveira, da Embrapa Pantanal, explica, que no Pantanal, as condições ambientais são favoráveis ao invasor: “Na sub bacia hidrográfica do rio Miranda, o mexilhão se desenvolve muito bem, pois são águas calcárias. No rio Salobra por exemplo, afluente do Miranda na região da Serra da Bodoquena, com água transparente, a condição é perfeita para a ploriferação da espécie invasora”.



Márcia explica que a parceria com o Imasul visa o desenvolvimento de uma pesquisa conjunta que fará um inventario da fauna aquática e analisar as espécies nativas e invasoras e a qualidade da água das sub bacias, para tentar avaliar o impacto ambiental do mexilhão-dourado.



“Enquanto as pesquisas vão sendo realizadas, os pescadores devem fazer a sua parte no combate ao invasor”, explica Selene Albuquerque, pesquisadora do Imasul. Ela ressalta que os mexilhões-dourados começam a se reproduzir com apenas meio centímetro de tamanho, por isso, não percebemos a presença deles.



Confira o que deve ser feito no combate a essa praga:



Retirar qualquer vegetação e incrustação encontradas dentro e fora do barco ou do reboque;


Lavar o casco, viveiros e outras partes do barco e do reboque com água sanitária, sempre que sair de um local de pesca para outro. Deve-se colocar uma colher de sopa para cada litro de água, ou um litro de água sanitária para vinte de água;


Esvaziar, sempre em terra, qualquer reservatório de água que esteja no barco, inclusive os de iscas vivas;


Lavar os equipamentos e redes antes de usá-los em outros rios e lagos;


Não deixar a água utilizada na lavagem dos barcos e equipamentos escorrer para galerias de drenagem ou outros rios e lagos;


Não devolver para o rio nenhum resíduo de limpeza do barco. Colocá-los sempre em terra, distante da margem;


Pintar o casco com tinta antiincrustante que não tenha a substância TBT, que é cancerígena;


Verificar sempre se há presença de inscrustações no barco e raspá-las quando encontrá-las;


Tratar com cloro as águas usadas para limpeza e consumo a bordo.




Para saber mais, acesse http://www.imasul.ms.gov.br

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