24 de abril de 2009

'Trem do Pantanal e voo a Bonito aumentam fluxo turístico no estado'

Por Marcelo Eduardo e Alessandra Carvalho


Após a impulsão esperada no setor de turismo de eventos e ecológico em Mato Grosso do Sul após a implementação dos primeiros voos regulares ao aeroporto de Bonito e do já confirmado retorno do Trem do Pantanal, o Midiamax conversou com a presidente da Fundtur (Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul) e do Fornatur (Fórum Nacional dos Secretários e Dirigentes Estaduais de Turismo) Nilde Brum para saber algo mais sobre as expectativas de melhorias econômicas e sociais e os desafios que ainda devem ser vencidos para que o estado entre de vez entre os grandes do mundo na área.

O diálogo foi no gabinete da presidente, no parque das Nações Indígenas, na Capital. Nilde explicou que as “mudanças serão profundas” e que Mato Grosso do Sul caminha por trilhos de crescimento. Os próximos eventos sobre turismo a serem realizados no estado também foram comentados.

Midiamax: A volta do itinerário que era parte da cultura sul-mato-grossense, o Trem do Pantanal, pode trazer quais benefícios para os passageiros, além da imponência da paisagem, e para o Mato Grosso do Sul como um todo, já que a espera por parte do setor turístico era grande?

Nilde Brum: Tivemos inclusive uma audiência pública em Corumbá e outra em Campo Grande, justamente para apresentar à sociedade o que virá de mudanças. No estado, em 2008, foram 1.038.745 hóspedes, com permanência média de 2,6 dias. Cada hóspede gasta em média cerca de US$ 120,00 por dia. Com a chegada do Trem, mais o aeroporto de Bonito, ele pode ficar mais tempo nas cidades turísticas e aumentar a quantidade de dinheiro em circulação. Ele deixará mais dinheiro em Mato Grosso do Sul.

É muita coisa. Digamos que ele pegue o trem em Campo Grande, pare em Aquidauana e almoce antes de seguir para Miranda [o percurso do trem, por enquanto, são por estes três municípios].

Ele deixa, além do valor da passagem (que pode chegar a cerca de R$ 120,00), o valor do almoço (uns R$ 20,00), deve levar uma lembrança. Camiseta, artesanato (são mais uns R$ 50,00). Mais algum lanche que ele vá fazer pelo caminho (mais uns R$ 10,00). Ou seja, só aí, gastou R$ 200,00. Podem existir até 470 passageiros por viagem. É muito dinheiro deixado em Mato Grosso do Sul. Se ele ficar dois dias ou mais, então!

[As saídas de Campo Grande serão todos os sábados, às 7h30, da estação Indubrasil e a volta, aos domingos às 8h30, de Miranda. O preço da passagem, conforme a BWT (responsável pela administração do veículo e seus serviços, será de R$ 39,00 até R$ 126,00, mas para moradores da região está previsto um desconto na tarifa cobrada].

Midiamax: O percurso vai até Miranda, por enquanto. O que falta para fazer com ele vá até o itinerário original, ou seja, até Corumbá? A senhora disse que houve uma audiência pública na cidade. O que as pessoas de lá e os empresários de lá disseram sobre isso?

Nilde Brum: Pois é. Eles queriam saber como ainda não está indo até lá. Mas vai. Todos os trilhos já estão no lugar. O que falta são adaptações e melhorias que a ALL [América Latina Logística – que é responsável pela manutenção nos trilhos do estado] está cumprindo. Na verdade, já suportam [os trilhos] transporte de carga, mas não de passageiros. É preciso melhorá-los para que possam trafegar em uma velocidade de até 35 quilômetros por hora ou 40 quilômetros por hora. Hoje, trafegam com 15 quilômetros por hora no máximo. Isso é pouco para passageiros. Na verdade, faltammelhoras somente no trecho Porto Esperança/Corumbá.
As melhorias são necessárias porque a região pantaneira é sensível. É preciso ter todo o alinhamento da malha refeito porque para carga é um tipo e para passageiros tem que ser diferente. Enfim, as modificações estão sendo feitas e a ALL está cumprindo. Não há ainda uma data para o itinerário completo.

Midiamax: E o presidente Lula, tão aguardado, vem realmente?

Nilde Brum: O Cerimonial dele já confirmou conosco. Além dele e do ministro [José Eduardo Baarreto Filho, do Turismo], já está confirmada a prsença do Lugo [Fernando Lugo, presidente do Paraguai]. O Evo Moralles [presidente da Bolívia] ainda não confirmou, mas sua vinda está quase certa.

Midiamax: Voltando a falar em economia e em divulgação também... como será feito este trabalho e o que a presença destas e de outras autoridades podem representar para Mato Grosso do Sul efetivamente? E a questão dos eventos que serão promovidos depois, como o Salão na Capital [Feira Internacional e 2º Salão de Turismo de MS]?

Nilde Brum: Fizemos uma parceria com diversas empresas para tentar trazer o máximo de jornalistas (de fora do País, inclusive) e de empresários para os eventos: reinauguração do Trem do Pantanal, Feira e Salão.

No ano passado, foram gerados R$ 6 milhões após os negócios que vieram por causa da Feira e Salão de 2008. Isso, com a vinda de trinta jornalistas. Este ano, chamamos cinquenta. A tendência e a nossa espera é para que aumente muito este valor. São de vários estados brasileiros e de países da América do Sul, Europa e Estados Unidos.

Fizemos convênios com as companhias aéreas TAM e TAP para as passagens e com diversos hoteis e restaurantes para conseguir as hospedagens e refeições para eles. Virão empresário de empresas de transporte aéreo da Europa. Em 2008, houve muitos negócios nesta área após a

Feira e o Salão.

[A Feira Internacional e 2° Salão de Turismo do Mato Grosso do Sul são realizadas simultaneamente e são estratégias de desenvolvimento do turismo no estado e serve para mostrar nossas atrações e estrutura aos visitantes.

Os eventos serão n centro de convenções Albano Franco, que fica nos altos da avenida Mato Grosso, 5017 na Capital, de 27 a 31 de maio de 2009.]

Midiamax: E com relação à linha Campo Grande/Bonito/Campo Grande via a companhia aérea Trip... como está após quase um mês de operação?

Nilde Brum: Muito bom. Os aviões têm lugar para 68 pessoas e, embora não estejam lotados, estão sempre indo e voltando com muitas pessoas. Mas, este é um período de pouco movimento turístico. No final de maio e início de junho, a procura pelo serviço deve aumentar bem.

Midiamax: E como estão as condições dos dez pontos turísticos de Mato Grosso do Sul?

Nilde Brum: Fazemos um ciclo de palestras e debates durante abril e maio para verificar o que eles estão precisando. A maior reivindicação é quanto a capacitação de pessoal. Isso em todas as áreas do turismo. É com respeito ao garçom, ao atendente de loja ou hotel, ao guia, enfim, todos.

Outro ponto bastante tocado é a questão da infraestrutura.

O problema é que cada região tem suas particularidades, suas singularidades. As necessidades são as mesmas, porém em graus diferentes. Por exemplo todos querem maior sinalização nas estradas sobre os pontos turísticos, mas isso é mais pedido e sentido aqui em Campo Grande.

Todos querem infraestutura de transporte, mas isso é mais sentido no Pantanal, onde o acesso é complicado, principalmente me período de cheia.

A questão da construção do aeroporto de Bonito veio facilitar em muito esta questão do acesso. A pavimentação asfáltica da estrada que liga Bonito a Bodoquena, ou seja, a junção de Bonito e Pantanal, deve começar até o final do ano; já é promessa e compromisso do governador André e do ministro José Barreto. A transpantaneira também deve passar por algumas obras talvez, dependendo de conversas com o ministério. Talvez um estudo sobre algo que substitua a pavimentação, que ainda não é possível; mas ainda é somente um pré-estudo, nada confirmado.

Midiamax: O fato da senhora ser também presidente do Fornatur [Fórum Nacional dos Secretários e Dirigentes Estaduais de Turismo] contribui para um acesso maior ao ministro Barreto e mesmo ao presidente Lula?

De certa forma sim. O Fórum – e eu sou uma das fundadoras – foi criado há dez anos para isso; para ser um elo entre os dirigentes e o governo federal, além de outras instituições. A presidente do Fornatur é convidada para ir a todos os eventos que o Ministério do Turismo promove ou realiza. E, quando eu estou lá, o nome de Mato Grosso do Sul é citado. Então, é Mato Grosso do Sul conhecido em todo o Brasil e no mundo. Além disso, o ministro também vai, pessoalmente, a todos os eventos do Fornatur. Isso tudo quer dizer que os projetos podem ser discutidos com mais facilidade sim devido a este contato.

Vamos levar tudo o que está sendo discutido neste ciclos regionais sobre os dez pontos turísticos de Mato Grosso do Sul e levar propostas completas ao ministro sobre melhorias nos dez pontos.
Midiamax: Para finalizar, o que a senhora acredita que precisa mudar para que o turismo no Mato Grosso do Sul possa crescer ainda mais e que, com isso, melhore a economia no estado e a vida da população?

Nilde Brum: Para que o estado cresça neste ponto é preciso atrair o turista. E a gente faz isso com criatividade. Consumo depende da criatividade em apresentar produtos com diversidade e qualidade.

É preciso que o empresário, o comerciante, o trabalhador tenha a percepção de criatividade. Aqui por exemplo em muitos locais já é o Estado do Trem do Pantanal.

[Os dez pontos turísticos oficiais de Mato Grosso do Sul são: Pantanal; Costa Leste; Vale do Aporé; Caminho dos Ipês; Rota Norte; Caminhos da Fronteira; Vale das Águas; Grande Dourados; Conesul; e Bonito/Serra da Bodoquena.

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